Introdução
A aplicação ROG foi introduzida e descrita em 1990 por Buser, et al(BUSER e colab., 1990). Já os primeiros estudos histológicos em humanos demonstraram aumento ósseo vertical bem-sucedido. A partir desse conhecimento, foram desenvolvidas diversas técnicas que se utilizam de membranas como barreiras, as quais podem servir tanto para impedir o acesso de células indesejadas, bem como para permitir o acesso de células osteoprogenitoras(BENIC e HÄMMERLE, 2014). Dessa forma, é possível não só prevenir ou corrigir deficiências ósseas, como também manter ou recriar o volume ósseo necessário para a instalação de implantes.
As membranas de politetrafluoretileno (PTFE) são a primeira geração de membranas com documentação clínica adequada para ROG. O PTFE é um polímero sintético com uma estrutura porosa, que não induz reações imunológicas e resiste à degradação enzimática pelos tecidos e microorganismos do hospedeiro(BECKER e colab., 1994; URBAN e colab., 2009). Aliado à barreira física, deve-se também utilizar materiais substitutos ósseos. Nesse contexto, o osso autógeno apresenta propriedades ideais para neoformação óssea. No entanto, algumas limitações associadas a esse tipo de enxerto incluem morbidade e complicações relacionadas ao local doador, disponibilidade limitada do enxerto e reabsorção imprevisível. Dessa forma, enxertos xenógenos particulados apresentam-se como uma alternativa favorável para complementar ou substituir enxertos autógenos, pois apresentam requisitos como: biocompatibilidade; osteocondutividade; biodegradação e substituição com o próprio osso do paciente(BENIC e HÄMMERLE, 2014).
O objetivo deste estudo de caso foi expor a utilização da técnica que aliou membrana de PTFE, osso autógeno e xenógeno particulados, associados à membrana de colágeno, para ganho de volume ósseo horizontal e vertical em região posterior de mandíbula para futura instalação de implantes dentários.
Relato de caso
Após a elevação do retalho e avaliação do tamanho do defeito, o osso autógeno foi colhido da região retromolar usando uma broca de trefina coletora de osso (Fig. 2-3). Para diminuir a morbidade da paciente a coleta óssea foi realizada do mesmo lado e a preparação do local da coleta foi incluída no desenho do retalho. A paciente foi tratada com uma combinação 1:1 de osso autógeno e xenógeno de origem bovino liofilizado (Criteria Bimateriais, Vila Nova Conceição, SP, Brasil) (Fig. 4) para confirmar a aceitabilidade de um material osteocondutor de lenta reabsorção no procedimento e limitar a quantidade de osso autógeno colhido necessário para o procedimento.
Figura 3. Osso autógeno coletado. A) vista lateral da trefina com osso autógeno coletado; B) vista frontal do osso coletado na trefina.
Figura 6. Vista vestibular da membrana estabilizada no aspecto lingual.
na regeneração de tecidos epiteliais (fig. 8). O fechamento do retalho foi feito livre de tensão com suturas de pontos simples nylon 5-0 (fig. 9).
Figura 8. Aspecto da membrana estabilizada. A) vista vestibular da membrana PTFE estabilizada; B) vista vestibular da membrana de colágeno recubrindo a membrana de PTFE.
Figura 9. Vista oclusal do fechamento sem tensão do retalho com técnica de pontos simples.
Conclusão
A presente técnica mostrou-se como uma alternativa viável, de baixa morbidade, moderado grau de facilidade de execução e alta capacidade de resolução clínica para correção defeito ósseo horizontal e vertical em posterior de mandíbula, visando a instalação de implantes osseointegráveis.
Referência Bibliográfica
– BECKER, W e BECKER, B E e MCGUIRE, M K. Localized ridge augmentation using absorbable pins and e-PTFE barrier membranes: a new surgical technique. Case reports. The International journal of periodontics & restorative dentistry, v. 14, n. 1, p. 48–61, Fev 1994. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8005770>.
– BENIC, Goran I. e HÄMMERLE, Christoph H. F. Horizontal bone augmentation by means of guided bone regeneration. Periodontology 2000, v. 66, n. 1, p. 13–40, Out 2014. Disponível em: <http://doi.wiley.com/10.1111/prd.12039>.
– BUSER, D e colab. Regeneration and enlargement of jaw bone using guided tissue regeneration. Clinical oral implants research, v. 1, n. 1, p. 22–32, Dez 1990.
– URBAN, Istvan A e JOVANOVIC, Sascha A e LOZADA, Jaime L. Vertical ridge augmentation using guided bone regeneration (GBR) in three clinical scenarios prior to implant placement: a retrospective study of 35 patients 12 to 72 months after loading. The International journal of oral & maxillofacial implants, v. 24, n. 3, p. 502–10, 2009. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19587874>.